quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As horas



Olho na mente o relógio das horas

E o tempo, voraz, sobre o futuro voa,

Consumindo tudo, derrubando o resto,

Qual Átila dos feitos que esperam vez.



O desespero é um grito mudo

No ouvido da vida, um tédio,

Um sopro na pena que cai

Dentre os dedos lânguidos do dia.



A marcha dos segundos vai

Em fila sobre as matas da razão;

São os pés das horas que o relógio marca,

Não há tempo para olhar atento.



Os feitos, os ditos e os contos,

Desses que se fala em vão, à mesa,

Também as botas sobre eles marcham,

Reduzindo a cinzas sonhos acordados.



Mas, que tristeza atroz!

Pode-se viver melhor as horas,

Mesmo que os dias vão, vão e vão,

Sem parar o tempo, sem reparar a tempo,

A aresta das coisas que ficaram lá.


2 comentários:

vieira calado disse...

Ói!
Posso levar as florinhas?

Beijoca

Paula Barros disse...

Ando espantada com o correr do tempo. Como o nosso corre-corre. Com o tempo que se vai, e pouco fazemos por nós.

Muito belo, expressivo e profundo esse poema.

abraços